quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

JACUÍPE (Santo Estêvão Velho)

Índios Payayás
Da Sesmaria de Jacuípe à Freguesia de Jacuípe (a sede é o atual bairro Santo Estevão Velho)


Existe controvérsias quanto a expressão Jacuípe, de origem indígena, do Tupi , Jacu: espécie de ave craciformes - y: rio - pe: no, significa “no rio dos jacus”. Outros dizem que o nome vem de Jacuhy, jacu-y, que quer dizer “rio dos jacus” e pode também proceder de Yacui, o “rio enxuto” ou “rio temporário”. Nas margens do rio Jacuípe existe uma àrvore conhecida na região por JACU, por isso, alguns dizem ter havido floresta nativa de ipê, às margens do rio jacuípe, justificando assim a sua denominação. 

Em 1566 foi doada a Capitania de Paraguaçu (ou Recôncavo) a Dom Álvaro da Costa. Fazia parte Itapororoca, Cachoeira, Água Fria e Jacuípe. A região era habitada pelos índios Payayá. Também existem relatos da sua presença dos Payayá no município Cristinápolis - Sergipe.


Mais informações: Povo Payayá é tema de livro

Alguns pesquisadores, talvez, mal fundamentados dizem que Payayá e Maracá são dois povos. Outros defendem que é um povo só. O antropólogo "OTT  (1958)  que  salienta,  em  sua  obra  Pré-História  da  Bahia,  que  os Payaya  eram,  na  verdade

"[...]  os  Maracá,  que 1586,  já são  mencionados.  [...]  Ocupavam  o  vale do  Paraguassu, a  serra  do  Sincorá,  [...]  ora  Paiaia,  ou  ainda  Maracanassu,  o  que  significa  a  grande nação  dos  Maracá.  Geralmente  os  índios  residentes  ao  sul  do  Paraguassu  eram denominados  Maracá,  sendo  os  que habitavam  ao  norte deste  rio  mais  comumente desginados  por  Payayá.  (OTT,  1958,  p.  19)"

(...) os  que devemos  buscar  conhecer são  os  indígenas  habitantes  históricos  do  lugar:  os  Payayá,  Que  MORAES  FILHO  (2002), salienta  que [...]  Sobre  os  Payayá  é  descrita  a  festa  de  Eraquidzã  ou  Varaquidrã  e  seus  pajés Visamus,  os  rituais  funerários  antropofágicos,  os  ornamentos  de  folhas  das  mulheres, o  costume  de  depilar  completamente  o  corpo,  inclusive  sobrancelhas  e  pestanas,  as plumas  de  muitas  cores (MORAES  FILHO,  2002)."

ERISVALDO  SANTOS SOUZA. MUSEU  VIRTUAL DA BATA  DO FEIJÃO: DA ROÇA PARA A ESCOLA. Uneb, 2017.

Nesta citação de OTT fica evidente que para ele Payayá e Maracá é um povo só. Se dividiram a partir da obra dele fizeram uma interpretação equivocada. Ele argumenta que, talvez, este povo recebe "pseudodenominações" apenas por causa da região que vive.


Existe muita confusão nas pesquisas sobre os povos nativos. Principalmente por não existir obras escritas pelos próprios povos nativos. Os brancos deram a interpretação conforme os próprios interesses. Tudo precisa ser analisado com cuidado e minúcia.

O distrito de JACUIPE (a sede é o bairro de Santo Estevão Velho) foi criado pelos invasores portugueses. Hoje, situa entre as cidades de Santo Estevão e Feira de Santana.

Payayá de Utinga  /  Fonte: Fernando Carneiro


A civilização ocidental usa o continente europeu como modelo. Mas não se pode afirmar que a população europeia se constitui de um único povo ou etnia (grupo humano que possui as mesmas características físicas, históricas e socioculturais). 


Na Europa existem várias etnias com características especificas como os povos germânicos, eslavos, celtas, latinos entre outros. Ainda cada etnia se subdivide em outros grupos. Esse mesmo fenômeno cultural ocorre com a população dos índios da América, com os habitantes da África, da Oceânia e da Ásia. 

Mas a dominação das etnias europeias insiste em eliminar os povos dos outros continentes, como vem ocorrendo no Brasil, desde a invasão colonial aos dias atuais. Apenas para tomarem posse das terras. Algumas etnias indígenas do Brasil já foram destruídas totalmente e outras ainda resistem a dominação do Império brasileiro. O povo Payayá é um exemplo de luta pela sobrevivência. 

Segundo o site indiosonlines "a gameleira era a árvore sagrada para os Payayá. Quando foram forçados a trocar de nome eles adotaram o nome da árvore sagrada daí o nome de Yayá Gameleira". 


No município de Antonio Cardoso tem várias Gameleiras pelo território e uma gigante na praça do distrito de Umburanas. Existe também uma comunidade chamada Gameleira ou Caboronga, nas margens do rio Jacuípe e próxima do distrito feirense de Ipuaçu, não se sabe se recebeu esse nome por ser habitada pelos Payayás. No território tem um povoado chamado Cabana velha. Segundo informações de alguns moradores esse nome origina da existência de várias cabanas dos índios que moravam no local, provavelmente, os Payaya. Ainda afirmam que na comunidade existem algumas grutas de pedras formadas pelos antigos moradores.

Gameleira na Praça de Antonio Cardoso
A antropóloga Maria Rosário Carvalho defende que "fazia parte da política colonial reunir indígenas em missões na tentativa de convertê-los ao catolicismo e se apropriar de sua força de trabalho e de seu conhecimento. Esse confinamento em aldeamentos liberou terras de nativos para a ocupação colonial que avançou rumo ao interior. Os indígenas aldeados sofriam pressão sobre seus hábitos tradicionais, muitas vezes proibidos, sobretudo os ligados à cosmologia [explicação para a origem do universo. Os padres introduziram nos índios a ideia que o mundo foi criado pelo deus judaico-romano (cristão).]. 
No Nordeste, o governo incentivou a miscigenação em busca da transformação dos indígenas em caboclos [do Tupy, caa-boc, significa "o que vem da floresta". No português, tem vários significados, um deles se refere a uma pessoa que é filha de branco e indígena]. [...] Com o fim dos aldeamentos, essas áreas foram anexadas às vilas ou adquiridas por proprietários, e os indígenas ficaram novamente sem essas terras."

Gameleira em latifúndio de Antonio Cardoso
A etnia  Payayá habitava do litoral do recôncavo baiano à Chapa Diamantina. Atualmente corresponde aos territórios baiano de identidade Litoral e Agreste,  Chapada Diamantina, Piemonte do Paraguaçu, Bacia do Jacuípe, Recôncavo, Portal do Sertão e Piemonte de Diamantina. Todos os municípios desses territórios, provavelmente, tem descendentes do povo Payayá.

Os Payayás sempre foram tratados na região como uma etnia extinta para garantir os interesses dos fazendeiros e da religião cristã. Hoje, os remanescentes dos índios Payayás vivem atualmente no município de Utinga, Morro do Chapéu, Jacobina, Saúde, Tapiramutá e em vários municípios baianos da Chapada Diamantina e espalhados pelo Brasil. Segundo dados do SESAI / 2011, na Bahia tem 60 índios Payayá sem contar os descendentes com brancos, negros, ... 

Payayá de Morro do Chapéu / Fonte: Léo Barbosa
Recente foi publicado em Jacobina - BA, o livro do professor Solon Natalício, sobre os índios Payayás. Relata a presença da etnia desse povo na região do Paraguaçu. 

Mons. Renato de Andrade Galvão defende que "as terras do atual município de Antonio Cardoso, como todas as áreas banhadas pelo Rio Jacuípe, foram outrora povoadas pelos Índios Paiaiases. Viveram em lutas continuas e guerras de extermínio com os poderosos Maracazes que dominaram o vale do Paraguassú e as terras úmidas do Jequiriçá. Batidos pelos brancos foram recuando para as bandas de Saúde e Jacobina, legando o nome da tribo na toponimiade várias regiões, o que atesta dispersão."

É provável que todos os municípios da região de Feira de Santana foram habitados pelos Payayá. Na região do atual município de Antonio Cardoso (antigo Jacuípe, depois Umburanas), os invasores portugueses tomaram posse das terras após vencerem as guerras com os índios Payayás. 

As terras da região que eram dos indígenas hoje são dominadas por políticos, juízes, promotores, delegados, médicos, advogados, igrejas...Enquanto isso os índios e descendentes sobrevivem em situação degradante. Qual autoridade dessa vai reconhecer e garantir os direitos indígena e descendentes pela sua terra? 

Os Payayás deixaram como legado na região a herança genética dos descendentes, o artesanato de barro (distrito de Oleiro), a denominação de rios e comunidades como os rios Paraguaçu e Jacuípe, o distrito feirense de Ipuaçu, etc.  As características físicas dos descendentes dos Payayás do município são parecidos com os remanescentes.





O historiador Gerson Fernandes de Araújo relata que "em 1653, sentindo o governo da Bahia a necessidade de abertura de estradas para Camamu, Maraú, Rio de Contas, Jacuípe, Jiquiriça e Jacobina, passou a atender aos pedidos dos bandeirantes no sentido de penetrarem mais para o centro em busca das férteis terras do Orobó."

Os documentos antigos de 1655 tratam da Sesmaria de Jacuípe ou terra "por entre os dous Ryos Paraguassú e Jacoippe the suas nascenças". Sendo desbravado por João Lobo de Mesquita e povoado com "Gados, e escravos, criados, e moradores" por João Peixotos Viegas. Só depois os jesuítas chegaram e se instalaram na região. Foi considerado como um dos primeiros distritos da Vila de Cachoeira, embora, ainda não foram encontrados os livros de atas da instalação da capela. Veja relato na íntegra do documento encontrado no Museu Casa do Sertão, da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS. Maiores detalhes clique aqui.










“Certifico em cumprimento ao despacho retro que revendo o livro nº 257 de Provisões Reais, do período de mil seiscentos e cinqüenta e quatro (1654) a mil  seiscentos e sessenta e quatro (1664), nêle encontrei às fôlhas quarenta e sete (47) o registro da Carta de Sesmaria de João Peixoto Viegas, cujo teor é o seguinte: Registro de Outra Carta de Sesmaria de João Peixoto Viegas. Dom Jeronimo de Attayde Conde de Athoguia Faço saber aos que esta Carta de Sesmaria virem, que  João Peixoto me inviou areprezentar a petição cujo theor he o Seguinte/ Diz João Peixoto Viegas, que de cinco annos a esta parte tem povoado com quantidade de Gados,gente e Escravos, as terras que chamão  de Itapororocas e terra nova de Jacoipe nos Limittes da Cachoeira termo desta Cidade: as quaes elle Suplicante, houve por titullo de Compra de João Lobo de Mesquita estando despovoadas e inabitadas havia vinte annos pelos asaltos e mortes que nellas havia feito, e fazia muitas vezes o gentio bravo: e elle João Peixoto Viegas as povoou de Gados, e escravos, criados, e moradores, com armas e Cazas fortes de Sobrado de pedra e Cal, e huma Igreja no que tem feito muitas grandes despezas de Fazenda e dado muito crecimento, as Rendas de Sua Magestade e Segurança aos moradores que lhe são vizinhos, e por quanto, o gado vai em crescimento, e não bastão para apascentalho as ditas suas terras, e nas Cabiceiras dellas para o poente, e Noroeste, que ficam entre os Ryos de Paraguassú, e Jacoipe the suas nascenças, tem noticia haver entre as grandes Serras, e mattos inuteis, que ali se estendem, alguns Campos que podem aproveitar, e povoar os quaes nunca athe estedia penetrou gente branca, nem forão sabidos, e estão divolutas pelas grandes Catingas, e dificuldades de Serras e mattos que os Cercão, e principalmente sugeitas do gentio bravo, que as não deixar entrar, nem descubrir, e elle Suplicante o tem feito nas que comprou, e fará também nestas porque tem Cabedal, e fabrica para o conseguir, inda que com grande trabalho e despeza: no que receberá o bem como desta Republica, conveniência, e utilidade, e as Rendas de Sua Magestade acressentamento. Pede a Vossa Excellencia lhe faça mercê em nome de Sua Magestade dar lhe de Sesmaria, e por devoluta, e nunca povoado toda a terra que assim se achar, e houver porentre os dous Ryos Paraguassú e Jacoippe, ficando os ditos Ryos por limite, e demarcação, o Paraguassú da banda do Sul, e o Jacoipe  pella do Norte, e nascente entrar no mesmo Paraguassú, com todos os Sacos enseadas, voltas, e recantos, águas, mattos, e Salinas, que dentro dos ditos Ryos e acharem-lhe suas nascentes. E receberá mercê. E vista a informação que sobre a dita petição me fez o Provedor da Fazenda Real deste Estado que he a seguinte. As terras que pede o Suplicante são inúteis, e se nellas descobrir alguas, que povoas será muito Serviço de Sua Magestade, e aumento de sua Real Fazenda, e para o fazer tem Cabedal, e posses, e não prejudicando a terceiro, pode Vossa Excelencia sendo Servido conceder-lhe a Sesmaria que pede em nome de Sua Magestade. Bahia dous de Abril de mil Seis Centos Cincoenta e Cinco Matheus Ferreira Vilas Boas, e os Capitullos do regimento sobre as Sesmarias, que nestas hey por expraçados constar do Cabedal do Suplicante digo do impetrante e o particular Serviço que fará a Sua Magestade, e beneficio a esta República em cultivar aquellas terras. Hey por bem e lhe faço mercê em seu Real nome dar de Sesmaria toda a terra que se achar, e houver, por entre os dous Ryos Paraguassú e Jacoippe the suas nascenças, assim e da maneira que pede e confronta na petição asima incerta, com todas as suas agoas, pontas enseadas Campos, madeiras, testadas e Lougradouros as quaes lhe dou livres, izentas e desempedidas, de foro, tributo, ou penção alguma Salvo o Dizimo a Deos, que pagará dos frutos, e criações que nellas houver, e por ellas será obrigado a dar Caminhos Livres ao Conselho, para fontes, pontes, e pedreiras como lauzulla de não prejudicar a terceiro, e portanto a mulher, filhos, e mais herdeiros de Miguel de Figueredo, me reprezentarão por huma petição, firmada por seu procurador bastante Antônio Fernandes Roxo, o Luiz de Figueredo, filho do mesmo Miguel de Figueredo, como tinhão vinte legoas de terra em quadra do pé da Serra de Sacuabina para o Norte, e para o Leste das quaes pertencião a mettade ao Capitão Bernardo Vieyra Ravasso, a qual não estava povoada, nem tinhão tomado posse, assim por sua morte, como pello impedimento do Gentio Barbaro que hora se evitara; e entenderem, que lhe podia prejudicar esta data me pedião mandasse declarar na Carta della, que se concedia ao impetrante não prejudicando as suas vinte Legoas de terra. Hey por bem de declarar, que terá effeito esta prezente Carta, não prejudicando a referida data de Luiz de Figueredo sem embargo de não haver tomado posse della  pelas sobreditas causas Pelo mando aos Officiaes de Justiça os que lhe toca lhe dem a posse real effectiva, e actual, e aos Ministro e Justiças a que o conhecimento desta com direito pertencer, a cumprão e fação cumprir e guardar tão pontual e inteiramento como nella se conthem, em dúvida embargo, nem contradição algua alguma. Para firmeza do que lhe mandei passar aprezente submeu Signal e Sello de minhas armas a qual se registrara nos livros a que tocar. Manoel Velho Seixas a fez nesta Cidade do Salvador Bahia de todos os Santos em osdez do mez de Abril Anno de mil Seis Centos Cincoenta e Cinco Bernardo Vieyra Ravasso, o fiz escrever/ O Conde de Athoguia/ Por despacho de 5 de Abril de 1655. Registese nos livros da Fazenda. Bahia 18 de Abril de 1655 annos Ferreira. E em 19 do dito mez e anno se registrou. Gonçalo Pinto de Freitas."


Segundo os documentos antigos sobre a região, os índios Payayá eram bravos, por isso, décadas anteriores a chegada dos padres já se indicava a necessidade de serem catequizados, para que tornassem obedientes aos invasores.   

Pela cronologia histórica, a imagem do santo Estevão é padroeira do distrito de JACUIPE (Santo Estevão Velho) e do território do atual Município de Antonio Cardoso - BA.

Veja o trecho abaixo do livro “Santuário Mariano e História das Imagens Milagrosas de Nossa Senhora” publicado em Portugal (Lisboa) no ano de 1722, refere-se ao atual território do Município de Antonio Cardoso-BA. Ressalta aqui o valor histórico do documento enquanto a questão religiosa é desprezível.

“TITULO CXIII
DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DO ROSARIO DE JACUIPE (hoje Santo Estevão Velho)


Igreja católico de Jacuipe
Jacuipe (hoje Santo Estevão Velho) he hum lugar do Certão da Bahia, que dista della vinte, & duas legoas, & da sua Paroquia da Senhora do Rosario da Cachoeyra oyto, porque a ella pertence. Neste sitio levantou o Padre Joaõ de Aragaõ & Araujo hua Ermida, que dedicou a Santo Estevaõ no anno de 1690. Nesta Ermida collocou depois a devoçaõ dos Pretos cativos huma Imagem da Mãy de Deos com o titulo do Rosario, que he o titulo, a que elles saõ mais cordialmente affeyçoados. Esta Santissima Imagem se vè no Altar mòr daquella Ermida, & nelle a collocáraõ no ano de 1707. He esta Sagrada Imagem muyto pequena, porque naõ passa de dous palmos; mas está com muyta devoçaõ, & com o ornato de manto de seda, & ... Tem sentado sobre o seu braço esquerdo ao Menino Deos e como he muyto moderna, ainda quando se me deu a noticia della, que seria pelos annos de 1714 ainda os Pretos lhe naõ haviaõ feyto festa, & seria porque elles naquelle sitio não seriaõ muytos, & por cativos muyto pobres, & assim da sua muyta pobreza nascerá o naõ lhe poderem fazer festa particular.” 

MARIA, Frei Agostinho de Santa. SANTUÁRIO MARIANO e Historia das Imagens Milagrosas de Nossa Senhora. Salvador: Imprensa Oficial da Bahia, 1949. p. 152 e 153.
O Jesuíta João de Aragão e Araujo trouxe a imagem do santo dos Conventos de Cachoeira-Ba, por volta de 1690, para a região da margem esquerda do Paraguaçu. Embora, a igreja católica não reconhece como paroquia. Visando esconder as manobras feitas pelos padres que desviaram a história local para a atual cidade de Santo Estevão.  

Os administradores da Igreja Católica abandonaram o atual território, na primeira metade do século XVIII - mudando a Sede para a atual cidade de Santo Estevão - e retornou um século depois (mas não instalou morada fixa do pároco no território, isso só veio ocorrer na primeira década do século XXI).

Na época a propriedade passou ao patrimônio do celebre Seminário de Belém em Cachoeira, como Sesmaria religiosa. Depois de 49 anos da imagem presente no local, foi deslocada em 1739, pelo Padre José da Costa Almeida para o lugar chamado Adro (atual cidade de Santo Estêvão). Provavelmente, alguns moradores da 1ª capela buscaram a imagem para o local anterior. 

Na época, os administradores da igreja católica providenciaram outra imagem do santo diferente da primeira e criaram uma 2ª capela no Adro, sendo elevada à Freguesia com o nome de Santo Estêvão do Jacuípe (novo) em 1752, toda a região ficou em seu domínio. A 1ª capela passou a chamar Santo Estêvão Velho, ficando desativada. 

Em 1823, o vigário de Santo Estêvão do Jacuípe (Adro ou atual cidade de Santo Estevão) fez o pedido ao Arcebispado da Bahia, para criar a capela de Nossa Senhora do Resgate, visando administrar o território da capela de Jacuípe (Santo Estêvão velho). 

O distrito foi criado com o nome de Freguesia de Nossa Senhora do Resgate das Umburanas, pela Resolução Provincial nº 183, de 10 de abril de 1843, sancionada pelo Presidente da Província da Bahia, Joaquim José Pinheiros de Vasconcelos. Foi instalado e elevado à condição de Freguesia através da Resolução do 17º Arcebispo da Província da Bahia Dom Romualdo Antonio de Seixas, com a denominação de Nossa Senhora do Resgate das Umburanas e continuou na condição de filial da Freguesia de Santo Estêvão do Jacuípe (Adro ou atual cidade de Santo Estevão) até 1876.
 

A partir de 1876, a Freguesia Resgate ficou sob posse da Freguesia de Nossa Senhora Santana e em 1884, passou para a administração da Freguesia de São Gonçalo do Amarante (hoje cidade de São Gonçalo dos Campos). Em 1938, denominou Uberlândia e em 1943, Tinguatiba. 

Em 14/04/1963, foi elevada à categoria de Município emancipado de São Gonçalo dos Campos com a denominação de Antonio Cardoso (prestigiando apenas uma família do município). O território da capela de Jacuípe (Santo Estêvão Velho) voltou a ser dominado por seu “inimigo” vizinho como Comarca Jurídica de Santo Estêvão (ex - do Jacuípe ou Adro) a partir de 1966, com sua criação até os dias atuais.

A comunidade de Jacuípe foi ratificada pelo governo municipal, através da Lei Municipal nº 030/99 de 03/08/1999, como distrito do atual Município. No entanto, não se sabe se alguma lei antes não reconhecia como unidade administrativa, até mesmo, de Cachoeira. Apesar que no período do Brasil Colônia muitas comunidades não precisavam ser reconhecidas por leis, bastavam o apoio da Igreja Católica. Uma coisa é certa, independente de Leis, a comunidade de Jacuípe é a pedra histórica de colonização da região.
1ª Igreja Histórica do Território
do Município de Antonio Cardoso-BA
e da margem esquerda do Vale do Paraguaçu                          
Igreja de JACUIPE (Santo Estêvão Velho)
Estrada da Comunidade de Salgado


Avenida do distrito de JACUIPE (Santo Estêvão Velho)

Principal Colégio do Município  e do distrito de JACUIPE (Santo Estêvão Velho)  em quatidade de estudante   

Construções no distrito de JACUIPE (Santo Estêvão Velho)

Entroncamento do distrito de JACUIPE (Santo Estêvão Velho) na BR116 Sul 


Mercado do distrito de JACUIPE (Santo Estêvão Velho)
Share on :

2 comentários:

ESQUEMA DE AULA disse...

O LIVRO do professor Solon veio em boa hora, especialmente pois acaba com a controvérsia sobre a presença dos índios Payayá na região e a dimensão dos seu território. Atualmente os índios Payayá reivindica uma ínfima área do que era seu território, e mesmo assim as autoridades do estado vem dificultando a posse de um lugar para assentar seus remanescente no território que sempre foi seu e reconstruir sua história.

Redação disse...

Os descendentes dos Payayás precisam perceber que a sua situação de sobrevivência precária resulta por ser descendente indígena. Os brancos tomaram as terras e os negros também passaram a ter posse enquanto os índios que são os donos vivem sem um palmo. Por isso, a lutas dos índios também deve ser dos descendentes.

 
© Copyright O JACUÍPE 2016 - Some rights reserved | Powered by Admin.
Template Design by S.S. | Published by Borneo and Theme4all