sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Antonio Cardoso-Ba

Origem da Paróquia Resgate


Por volta de 1690, o Padre Jesuíta Português João de Aragão e Araujo vindo dos Conventos da Cachoeira semeou na região o grão da fé cristã com a criação da humilde Capela de palha com invocação ao Santo Estêvão (1º), na fazenda de mesma denominação da imagem. Localizada à margem esquerda do médio Paraguaçu e à margem direita da foz do rio Jacuípe. Na época a propriedade passou ao patrimônio do celebre Seminário de Belém em Cachoeira, como Sesmaria religiosa. Depois de 49 anos da imagem presente no local, foi deslocada em 1739, pelo Padre José da Costa Almeida para o lugar chamado Adro (atual Santo Estêvão novo). Os moradores da 1ª capela buscaram para o local anterior. Na época providenciaram outra imagem do santo diferente da primeira e criaram uma 2ª capela no Adro, sendo elevada à Freguesia com o nome de Santo Estêvão do Jacuípe (novo) em 1752, toda a região ficou em seu domínio. A 1ª capela passou a chamar Santo Estêvão Velho, ficando desativada. Em 1823, o vigário de Santo Estêvão do Jacuípe (Adro) fez o pedido ao Arcebispado da Bahia para criar a capela de Nossa Senhora do Resgate visando administrar o território da capela de Santo Estêvão velho, foi elevada à condição de Freguesia em 10/04/1843, através da Resolução do 17º Arcebispo da Província da Bahia Dom Romualdo Antonio de Seixas, com a denominação de Nossa Senhora do Resgate das Umburanas e continuou na condição de filial da Freguesia de Santo Estêvão do Jacuípe (Adro) até 1876. A partir de 1876, a Freguesia Resgate ficou sob posse da Freguesia de Nossa Senhora Santana e em 1884, passou para a administração da Freguesia de São Gonçalo do Amarante. Em 1938, denominou Uberlândia e em 1943, Tinguatiba. Em 14/04/1963, foi elevada à categoria de Município emancipado de São Gonçalo dos Campos com a denominação de Antonio Cardoso. A Paróquia de Nossa Senhora do Resgate das Umburanas administra várias capelas filiais e presta serviços nobres aos seus fiéis.  O atual Pároco é o Padre Igor.



I - Curiosidades do Município


1. A Força da Superstição

Superstição Justifica Atraso Econômico

Existia um pensamento corriqueiro entre os moradores do município de Antonio Cardoso que a cidade não desenvolvia por causa do Cemitério que localiza na entrada. Há décadas essa forma de pensar veio escondendo a mesquinhez dos moradores e a exploração dos governantes locais. Por não levar em conta os incidentes históricos e o descaso dos administradores e dos moradores do território desde a origem até a atualidade. De que forma os mortos dominam o progresso material dos vivos?

2. A História contada pelo mito sócio-religioso

Conforme a mentalidade popular o Padre levava a imagem do Santo Estêvão para a 2ª capela mas, no dia seguinte o santo voltava deixando o rastro no caminho. Não se comenta o motivo que levou o Padre deslocar a imagem.
Segundo informações populares os moradores surraram um Padre e ele teria jogado uma praga que a cidade crescia como chicote de cavalo. Mas não se tem informações da veracidade do fato, apenas os dados históricos, nem o nome do Padre e a época que isso ocorreu.

3. Moradores Desconfiam de Imagem da Santa Resgate

Os moradores do Município de Antonio Cardoso desconfiam que a imagem de Nossa Senhora do Resgate, após ser reformada, não seja a verdadeira. Alguns dizem que a Santa foi trocada por outra. Outros afirmam que a face da imagem verdadeira é diferente da atual. Não se sabe quem está com a razão.

4. Perseguição dos Administradores da Igreja

Igreja Católica X Moradores

Os administradores da Igreja Católica no século XVIII, na região, ajudaram extraviar a identidade e o comércio do atual território de Antonio Cardoso a partir de 1739, para a 1ª capela não prosperar, porque o interesse era que a 2ª capela progredisse. Assim, a população local passaria a apoiar as manobras feitas dentro da Igreja contra a 1ª capela, não deixando vir a público.

5. Paróquia Resgate X Moradores

A Igreja Católica reconhece a santa Nossa Senhora do Resgate como padroeira do atual Município de Antonio Cardoso enquanto a maioria dos moradores aceita o Santo Estêvão por ser a 1ª estátua religiosa da região e pela sua localização no território.

6. Samba de Roda e o Candomblé em Antônio Cardoso

A fusão dos valores naturais místicos politeístas dos nativos com o culto ao sobrenatural dos negros escravizados e a crença nas tradições das imagens cristãs dos Jesuítas resultaram no Candomblé de culto particular local. Praticado pela fé nos deuses (imagens) e manifestado pelo samba como meio de agregar todos através da vibração para forjar a exploração desumana que ficavam submetidos na época. Ambos são inseparáveis. As vezes até confundido pelas mentes ignorantes com a Macumba. O Candomblé junto com o samba de roda já predominou na manifestação religiosa particular dos moradores herdada do período da escravidão como instrumento de resistência aos seus senhores. Onde não aceitava culto religioso público de nenhuma outra religião diferente do cristianismo. A prática do culto particular ao Candomblé ainda existe no território. Também existe o culto público nos Terreiros. Predomina no município o culto Particular por ser crença dos brancos, negros e descendentes de nativos (índios) locais. Com a era atual de massificação, as religiões de massa como o cristianismo (Católico ou Protestante (Evangélico)) vem sobrepondo com intensidade sobre as crenças locais antigas. Contribuindo para a desagregação de comunidades históricas. Desestruturando todo um legado cultural construído por várias gerações no percurso dos séculos passados. Tornando prejudicial para as comunidades com fortes laços de parentesco e identidade coletiva e causando danos ao patrimônio cultural do município por descaracterizar seus princípios. O Samba de roda e o Candomblé são uma das primeiras manifestações de tradição religiosa comum dos moradores do atual território. Sua manifestação tem presença garantida nas rezas (culto) de São Cosme e São Damião em 27 de setembro e São Roque em 16 de agosto de cada ano. A Organização das Nações Unidas (ONU) elevou o Samba de roda do recôncavo a patrimônio histórico e cultural da humanidade. O município de Antonio Cardoso acabou contemplado por este nobre título, por o Samba ser a herança da genética cultural dos seus moradores. Indispensável nas fantásticas noites de culto particular do Candomblé local por todo o território. O Candomblé e o Samba de roda (ou roda de samba como é chamado no local) conseguiram absorver e representar o estilo de vida voltado para as atividades do campo. O município por situar em uma região de transição entre o recôncavo baiano e o sertão tem destaque pela sua diversidade étnica, cultural e natural. Onde o próprio culto particular do Candomblé local parece não se enquadrar em regra geral aos terreiros de Candomblé como é praticado em outras regiões que vez e outra fundem a Macumba.
Falar-se em Samba no município não pode ficar sem citar nas figuras de Antonio Ribeiro da Conceição (BULE-BULE) que nasceu intelectualmente do ventre das nossas ricas tradições e levou ao pulmão do mundo a nossa respiração cultural. Contribuindo com a constituição da identidade hospitaleira do Brasil na Comunidade Mundial. No ano de 2008, recebeu a medalha “Ordem do Mérito Cultural” do Ministério da Cultura, como guardião da memória popular brasileira. E também Paulo de Almeida Santos que atualmente faz parte da Associação de Sambadores e Sambadeiras da Bahia, da Associação Umbigada e da Federação Baiana de Terreiros de Candomblé. Além de outros anônimos que tem destaque pela contribuição para a sobrevivência das tradições locais.


 II - Personalidades do Município

1. Mestre BULE-BULE

Antonio Ribeiro da Conceição, popular BULE-BULE, filho de D. Isabel Ribeiro da Conceição com o Sr. Manoel Belo da Conceição, popular Manoel Muniz. O 3º filho do casal, nascido em 22 de outubro de 1947, no distrito de Tinguatiba (atual Antônio Cardoso) na época município de São Gonçalo dos Campos - BA. Estudou em São Felix-BA. Descobriu seu talento para a música e o cultivo da cultura popular que conseguiu absorver com eficiência as tradições de seu povo como sambador e cantador. Palestrou no Brasil e em outros países como Estados Unidos. Possui carreira artística consolidada. Autor de 4 livros editados: Bule Bule em Quatro Estações, Gotas de Sentimentos, Um Punhado de Cultura Popular e Só não Deixei de Sambar, mais de oitenta cordéis escritos, várias peças teatrais e publicitárias agraciada pelo Prêmio Colunista, gravou 6 CDs: Cantadores da Terra do Sol, Série Grandes Repentistas do Nordeste, A fome e A Vontade de Comer, Só não Deixei de Sambar , Repente Não tem Fronteira e Licutixo. Ocupa os Cargos de Gerente de Cultura da Prefeitura de Camaçari-BA, Diretor da Associação Baiana de Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia (ASSEBA), da Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel e membro da Associação Umbigada. Foi premiado com o Prêmio Hangar de Música no Rio Grande do Norte junto com Margaret Menezes e Ivete Sangalo. Com sua brilhante humildade nasceu intelectualmente do ventre das tradições de berço e levou ao pulmão do mundo a respiração cultural de seus conterrâneos. Contribuindo com a constituição da identidade hospitaleira do Brasil no mundo, por sua diversidade. Em 1997, funda o Instituto de Pesquisa Estudo e Ensino da Cultura Popular do Nordeste. No ano de 2008, recebeu a medalha “Ordem do Mérito Cultural”, do Ministério da Cultura do Brasil, como guardião da memória popular brasileira. Foi homenageado na Alemanha com o Museu BULE-BULE e em Santo Amaro-BA, em 2009, pelo Projeto Cantadores de Chulas: Cultura da Vida.

2. Prole do Cel. tenta fuzilar Juiz de Cachoeira-BA

O Cel. Antonio Cardoso de Souza, que era filho de Manoel Cardoso de Souza e D. Maria Louvada, nasceu em 1848, na Freguesia de Nossa Senhora do Resgate das Umburanas e faleceu em 1932. Conta-se os mais velhos que a prole dele juntos com seus jagunços teria feito uma emboscada para assassinar o Juiz de Cachoeira-BA. Montados nos burros e deixaram outros amarrados em três pontos estratégicos para na volta não deixar pistas. Eles deram um tiro no Juiz, mas não acertou. Não se sabe o motivo. Depois a força policial do estado vieram em busca mas o Cel. abrigou os policiais com churrasco, em volta da fazenda também tinha uma trincheira de Jagunços para fuzilar os policiais caso entendesse de prender, como não encontraram os fugitivos que estavam escondidos pelo interior do sertão baiano decidiram ir embora.
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