segunda-feira, 19 de novembro de 2018

IBGE falsifica discussão racial brasileira

Características da população brasileira são falsas. Clique aqui

O IBGE troca a invetigação Etnogêses ou Etnológica por termos sem rigor científico, como "pardo" e "negro". Negro expressa as várias misturas etnicas mas seu sentido predominante é ser descendente de afro ou preto. 

A palavra "NEGRO" expressa a confusão do século XX e XXI. Ela possui vários sentidos, diz tudo e acaba não dizendo nada. O IBGE usa como sinônimo de cor. Mas qual o sentido da cor negra? 

Sabe-se que nenhum humano é puro, assim, pela definição rasa de Pardo no manual do Censo/IBGE qualquer pessoa se enquadra. Isto demonstra o quanto o termo "pardo" é vazio de origem antropológica. Foi uma invenção da colonialidade para justificar a dominação estrangeira e continua viva até hoje.

O método do IBGE para classificar a população ajuda eliminar os povos originários ("índios"). 
"No primeiro censo realizado no Brasil, em 1872, a classificação aparecia em "quatro opções de resposta: branco, preto, pardo e caboclo"." Só a partir do censo de 1991 que a categoria "indígena" foi incluída na classificação." 

A definição de cor/’raça’ do IBGE


Já ouvi várias pessoas e pesquisadores dizendo que o Brasil nunca teve um presidente negro, mesmo sendo grande a presença de pessoas negras no conjunto da população do país. Mas outro dia um aluno me perguntou: o Lula não é um presidente negro?
Bem, para responder a esta pergunta precisamos saber o que é considerado “negro” no Brasil. A maioria dos pesquisadores brasileiros constróem a classificação de negro com base nos dados de cor da pele pesquisados pelo IBGE. O negro seria a soma das pessoas que se auto declaram “pardas” e “pretas”.

Não se trata, portanto, de uma classificação biológica ou física com base no genótipo. Pardos e pretos são categorias de classificação da cor da pele tomadas a partir da auto identificação da pessoa que responde a pergunta do IBGE. Assim, um entrevistador pode achar que a cor da pele de uma pessoa é preta, mas o próprio entrevistado pode se achar da cor parda ou branca.
É o que aconteceu a pouco tempo atrás com o jogador Ronaldo que se declarou da cor branca, enquanto o seus pais disseram que ele era pardo. Evidentemente, pode ser mais uma dificuldade que o “fenômeno” tem em distinguir “cores” e “formas”, mas a auto declaração de cor da pele reflete o sentimento e o desejo da pessoa no momento da entrevista e, se ele se diz branco, é como branco que ele deve ser classificado. Recentemente, questionado, no meio de uma conversa, se já foi vítima de preconceito racial, Neymar – o jovem jogador do Santos – respondeu, de bate pronto: “Nunca. Nem dentro, nem fora do campo. Até porque não sou preto, né?”
Na metodologia adotada pelo IBGE – onde em cada domicílio apenas uma pessoa responde por todos os moradores – valerá a “auto-declaração” da pessoa que está respondendo a pesquisa. Tomando o caso do Ronaldo: se fosse ele que respondesse a pesquisa ele iria dizer que era branco, mas se fosse o pai dele, classificaria o filho como pardo. Já Neymar, provavelmente, marcaria diretamente a opção de cor parda.
Uma dificuldade maior surge na definição das cores. O manual do recenseador do censo demográfico de 2000 do IBGEi não esclarece com muitos detalhes o que são as cores branca e preta, mas explica um pouco mais o que são as classificações amarela e indígena e diz que os pardos são aqueles que tenham alguma miscigenação: mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça. Evidentemente, estas definições do manual do recenseador não simplificam as opções das pessoas, pois, mesmo existindo uma maior facilidade para definir os extremos das cores branca e preta, o “meio de campo” fica muito indefinido. Existem muitas pessoas pretas ou brancas que poderiam facilmente ser classificadas como sendo da cor parda. Um filho de índio que viva fora de seu aldeamento terá dificuldade para se definir enquanto índio ou pardo. Um descendente de asiático que tenha alguma miscigenação poderá se classificar com amarelo ou como pardo.
Chegamos, assim, na principal dificuldade existentes nos estudos de cor/raça, qual seja, definir a cor PARDA. Fica evidente pela definição do manual do recenseador do IBGE que pardo não é “marron”, “trigueiro”, “escurinho” ou uma outra tonalidade de cor entre o branco e o preto. Pardo, na definição do manual é uma mistura de cor, ou seja, é uma pessoa gerada a partir de alguma miscigenação, seja ela “mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça”ii.
Sem dúvida são pardos os filhos de indivíduos brancos (ou indígenas) com pretos – afro-descendentes. Mas também são pardos: o filho de uma pessoa branca com uma indígena, o filho de uma pessoa amarela com uma indígena, o filho de uma pessoa branca com pessoa amarela, ou os filhos de pessoas pardas com as demais cores ou com indivíduos indígenas. Portanto, pardo são todas as pessoas mestiças nascidas de relacionamentos sexuais entre indivíduos de etnias diferentes.
Pelo exposto, percebe-se que é um erro se classificar como NEGROS todos os indivíduos que se auto declaram pardos. Existem muitos pardos no Brasil que são ameríndios-descendentes e outros que são asiático-descendentes. Portanto, existe uma parcela da população parda no Brasil que não tem qualquer ascendência africana.
Voltando à nossa pergunta original: Lula é um presidente negro?
Sem dúvida, o presidente Lula é mestiço – como somos quase todos nós, a maioria do povo brasileiro. Mas ele é um mameluco ou um cafuzo? Ou ele é filho de uma cabocla com mulato?
Qualquer que seja a resposta, não resta dúvidas que o presidente Lula é mestiço. Provavelmente deve ter se auto-declarado pardo para o IBGE. Assim, para todos os pesquisadores e estudiosos das questões “raciais” que adotam a definição de NEGRO como a soma de “preto” e “pardo”, a resposta é inequívoca: o presidente Lula é negro e, para a surpresa de quem acredita que a elite de origem européia monopoliza o cargos máximos do país, o Brasil tem um presidente não-branco.
Certamente, toda esta longa digressão sobre a cor do presidente não vai alterar o fato de que o indivíduo Lula vai continuar sendo o que é, assim como o Brasil vai continuar sendo o mesmo. Mas, ao considerar a complexidade da questão, talvez a discussão de cor/raça fique um pouco menos maniqueísta e os pesquisadores olhem menos para os contrastes dicromáticos e mais para a diversidade de tons do arco-íris, que reflete melhor a riqueza da miscigenação brasileira."

Share on :

0 comentários:

 
© Copyright O JACUÍPE 2016 - Some rights reserved | Powered by Admin.
Template Design by S.S. | Published by Borneo and Theme4all