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índios Payayá, foto: Edilson Lima |
O processo de destruição das etnias (grupo humano que possui as mesmas características físicas, históricas e socioculturais) indígenas no Brasil ocorreu de várias formas, desde as matanças, a mistura sexual, o abandono e esquecimento de sua existência em vários municípios, a ilusão que só existia índio no litoral, o mito literário e a educação focada na cultura branca e negra.
Mas se o homem branco ou negro que usa os hábitos indígenas continua sendo branco ou negro, os índios que moram nas cidades ou vestem a roupa do branco ou negro continuam sendo índios. Seus descendentes, por mais que a sociedade forcem negar seu parentesco, também possuem uma herança indígena inegável.
Várias etnias hoje vem reconstruindo sua história, como os índios Payayá - moravam do litoral do recôncavo baiano até a Chapada Diamantina. Embora, muitos vem morrendo pela luta por sua terra, roubada por brancos e negros.
Desde o período da colonização até por volta da década de 1980, a educação foi usada na América pelas igrejas cristãs e os governos, como arma para dominar os índios. O Conselho Nacional de Educação - CNE, publicou um parecer sobre o assunto:
"Se, historicamente, as sociedades indígenas são definidas pela sua descendência de populações pré-colombianas, estruturalmente são sociedades igualitárias, não estratificadas em classes sociais e sem distinções entre possuidores dos meios de produção e de força de trabalho; reproduzem-se a partir da posse coletiva da terra e do usufruto comum dos recursos nela existentes; organizam-se a partir da divisão do trabalho, por sexo e idade e são regidas por regras, compromissos e obrigações estabelecidos pelas relações de parentesco e amizade, ou criadas em contextos rituais e políticos, regidas pelo princípio básico da reciprocidade – a obrigação que os indivíduos têm de dar e receber bens e serviços. Consideradas ágrafas, por não possuírem a escrita alfabética, essas sociedades transmitem seus conhecimentos e saberes pela oralidade, comunicando e perpetuando a herança cultural de geração a geração. [Veja mais clique aqui].
Mas se o homem branco ou negro que usa os hábitos indígenas continua sendo branco ou negro, os índios que moram nas cidades ou vestem a roupa do branco ou negro continuam sendo índios. Seus descendentes, por mais que a sociedade forcem negar seu parentesco, também possuem uma herança indígena inegável.
Várias etnias hoje vem reconstruindo sua história, como os índios Payayá - moravam do litoral do recôncavo baiano até a Chapada Diamantina. Embora, muitos vem morrendo pela luta por sua terra, roubada por brancos e negros.
Desde o período da colonização até por volta da década de 1980, a educação foi usada na América pelas igrejas cristãs e os governos, como arma para dominar os índios. O Conselho Nacional de Educação - CNE, publicou um parecer sobre o assunto:
"Se, historicamente, as sociedades indígenas são definidas pela sua descendência de populações pré-colombianas, estruturalmente são sociedades igualitárias, não estratificadas em classes sociais e sem distinções entre possuidores dos meios de produção e de força de trabalho; reproduzem-se a partir da posse coletiva da terra e do usufruto comum dos recursos nela existentes; organizam-se a partir da divisão do trabalho, por sexo e idade e são regidas por regras, compromissos e obrigações estabelecidos pelas relações de parentesco e amizade, ou criadas em contextos rituais e políticos, regidas pelo princípio básico da reciprocidade – a obrigação que os indivíduos têm de dar e receber bens e serviços. Consideradas ágrafas, por não possuírem a escrita alfabética, essas sociedades transmitem seus conhecimentos e saberes pela oralidade, comunicando e perpetuando a herança cultural de geração a geração. [Veja mais clique aqui].
Ao longo de sua história, as sociedades indígenas vêm elaborando complexos
sistemas de pensamento e modos próprios de produzir, armazenar, expressar,
transmitir, avaliar e reelaborar seus conhecimentos e suas concepções sobre o
mundo, o homem e o sobrenatural. Os resultados são valores, concepções, práticas e
conhecimentos científicos e filosóficos próprios, elaborados em condições únicas,
transmitidos e enriquecidos a cada geração. Observar, experimentar, estabelecer
relações de causalidade, formular princípios e definir métodos adequados são alguns
dos mecanismos que possibilitaram a esses povos a produção de ricos acervos de
informações e reflexões sobre a natureza, sobre a vida social e sobre os mistérios da
existência humana. [Veja mais clique aqui]
Aos processos educativos próprios das sociedades indígenas veio somar-se a
experiência escolar com as várias formas e modalidades que esta assumiu ao longo
da história de contato entre índios e não-índios no Brasil. Necessidade formada “pós-contato”,
a escola assumiu diferentes facetas ao longo da História num movimento que
vai da imposição de modelos educacionais aos povos indígenas, por meio da
dominação, da negação de identidades, da integração e da homogeneização cultural,
a modelos educacionais reivindicados pelos índios, dentro de paradigmas de
pluralismo cultural e de respeito e valorização de identidades étnicas.
É preciso reconhecer que no Brasil, do século XVI até praticamente a metade
deste século, a oferta de programas de educação escolar às comunidades indígenas
esteve pautada pela catequização, pela civilização e pela integração forçada dos
índios à sociedade nacional. Dos missionários jesuítas aos positivistas do Serviço de
Proteção aos Índios, do ensino catequético ao bilíngüe, a tônica foi sempre negar a
diferença, assimilar os índios, fazer que se transformassem em algo diferente do que
eram. Nesse processo, a instituição da escola entre grupos indígenas serviu de
instrumento de imposição de valores alheios e negação de identidades e culturas
diferenciadas.
Testemunhos históricos da educação indígena são encontrados desde os
primórdios da colonização do Brasil, destacando-se, a partir de 1549, a ação e os
trabalhos dos missionários jesuítas, trabalhos e atividades tanto missionários quanto
educacionais, que se estenderam até o ano de 1759. [Veja mais clique aqui]
A introdução da escola para povos indígenas é concomitante ao início do
processo de colonização do país. Num primeiro momento a escola aparece como
instrumento privilegiado para a catequese, depois para formar mão-de-obra e, por fim,
para incorporar os índios definitivamente à Nação como trabalhadores nacionais
desprovidos de atributos étnicos ou culturais. A idéia da integração firmou-se na
política indigenista brasileira, desde o período Colonial até o final dos anos 1980. A
política integracionista começava por reconhecer a diversidade das sociedades
indígenas que havia no país, mas apontava como ponto de chegada o fim dessa diversidade. Toda diferenciação étnica seria anulada ao se incorporar os índios à
sociedade nacional. Ao tornar-se brasileiros, tinham de abandonar sua própria
identidade.
Só em anos recentes esse quadro começou a mudar. Em contraposição às
práticas e às retóricas implementadas pelo Estado e por diversas associações
religiosas, grupos organizados da sociedade civil passaram a trabalhar com
comunidades indígenas buscando: alternativas à submissão desses grupos; a garantia
de seus territórios; e formas menos violentas de relacionamento e convivência entre
essas populações e outros segmentos da sociedade nacional. A escola entre grupos
indígenas ganhou, então, um novo significado e um novo sentido, como meio para
garantir acesso a conhecimentos gerais, sem precisar negar as especificidades
culturais e a identidade daqueles grupos. Diferentes experiências surgiram em várias
regiões do Brasil, construindo projetos educacionais específicos à realidade
sociocultural e histórica de determinados grupos indígenas, praticando a
interculturalidade e o bilingüismo, adequando essas experiências ao projeto de futuro
daqueles grupos.
O abandono da previsão de desaparecimento físico dos índios e da postura
integracionista que buscava assimilar os índios à comunidade nacional, porque os
entendia como categoria étnica e social transitória e fadada à extinção; as mudanças e
as inovações garantidas pelo atual texto constitucional e a crescente mobilização
política de diversas lideranças indígenas ensejaram a necessidade de se estabelecer
uma nova forma de relacionamento jurídico e de fato entre as sociedades indígenas e
o Estado brasileiro.
Até 1988 a legislação era marcada por esse viés integracionista, mas a nova
Constituição inovou ao garantir às populações indígenas o direito tanto à cidadania
plena, liberando-as da tutela do Estado, quanto ao reconhecimento de sua identidade
diferenciada e de sua manutenção, incumbindo o Estado de assegurar e proteger as
manifestações culturais das sociedades indígenas. A Constituição assegurou, ainda, o
direito das sociedades indígenas a uma educação escolar diferenciada, específica,
intercultural e bilíngüe, o que vem sendo regulamentado por meio de vários textos
legais. Com o capítulo VIII, do Título VIII, da Constituição Federal de 5 de outubro de
1988, são-lhes restituídas suas lídimas prerrogativas de primeiros cidadãos do nosso
imenso Brasil.
Afinal, não foram os índios que invadiram o Brasil... Suas tradições, seus
costumes, seu habitat e, especialmente, sua língua são os autóctones. A “gens”
indígena é aquela verdadeira, original e primeira nas terras “Brasílicas”. "
Fonte: Parecer 14/99 do CNE
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